Um cheiro de Ditadura no ar...

Legenda: Panfleto contrário à política agrária do governo Goulart (Fazendeiros). Arquivo Cordeiro de Farias/CFa tv 1963.05.02 doc8/CPDOC

... e Evo Moarales pode ser o fantoche da vez!


Quando lembramos de 1º de abril achamos que é o Dia da Mentira. Mas, um dia que poderia ser cômico, de brincadeiras, nunca foi tão cruel como foi há mais de 40 anos. Neste dia, em 1964, o Brasil entrava numa era negra, ao qual deixou muitos dos seus filhos torturados, mortos e tirados dos seios de suas famílias. E o que é “Ditadura”? Se formos ver ao pé da letra nada mais é do que prevalecer apenas um lado da moeda, sem deixar que o restante questione a escolha, de que um ser absoluto é capaz de definir o destino de toda uma sociedade.

Lamento, mas amo a anarquia da Democracia. E temo que isso possa estar sendo colocado em xeque-mate, mais uma vez, em nosso continente. Cego é quem não quer ver. Quem sofre primeiro? Sempre são os veículos e comunicação e os jornalistas. Tudo é fechado, cortado e virado receita de bolo. E quem articula? Uma grande Nação que tem interesse em ver países em ascensão caindo ladeira abaixo.

E o mingau sempre se come pela beirada. E o docinho que está frio para ser lambido pelos americanos é a Bolívia e de lambuja vai a Colômbia. O bobo da corte não é João Goulart, que largou o Brasil, e os militares deram o golpe, o palhaço, com direito a nariz vermelho e tudo, é Evo Morales. A moda agora é fechar emissoras de televisão que falam a verdade do seu governo feito nas coxas.

Pois é assim que vejo a Bolívia. Perdida, sem rumo, e com gente passando fome. Um presidente que ao invés de agregar, joga tudo no ventilador, como se fosse simples limpar a sujeira que ele deixa esparramar nos países visinhos. Lamentável a atitude do presidente boliviano de cortar a concessão de uma das maiores televisões boliviana, somente por achar – opinião própria, ou articulada? – que o dono, ou um repórter está contra o seu governo.

E se estiver? O que isso tem de mais? Quiçá a nossa “Veja”. Já pensou de o Governo Lula resolvesse colocar receitas de pudins nas páginas que a toda poderosa faz contra o governo popular? E olha que nem tudo o que é dito é verdade. Só teme quem comete delito. Quem está fazendo a coisa certa não precisa ter medo de palavras ao vento. O trabalho faz com que isso seja esquecido. Mas, quando se é incompetente, o que lhe resta? DITADURA. CENSURA.

Daqui à pouco vamos ver Morales construir na sua capital a velha guilhotina, só para retroceder ainda mais no tempo, e pegar todos os seus inimigos e cortar-lhes a cabeça. Ou então, vamos mais longe... Derrubar árvores – e ele está preocupado com o aquecimento global? – e fazer delas enormes fogueiras para queimar os hereges que são contra o seu governo nefasto.

Temos que estar atentos. Não estou defendendo governos, e formas de se governar, e sim a nossa liberdade de expressão, de poder gritar, de fazer passeatas pelas ruas, de bater panelas – viva os argentinos neste caso – de jogar tomate, enfim, de poder mostrar o seu descontento com seus governos, e sem medo de perder a cabeça ou ser queimado como um bruxo por não concordar com a mentalidade de seres pequenos.

Um pouco de história: Na madrugada do dia 31 de março de 1964, um golpe militar foi deflagrado contra o governo legalmente constituído de João Goulart. A falta de reação do governo e dos grupos que lhe davam apoio foi notável. Não se conseguiu articular os militares legalistas. Também fracassou uma greve geral proposta pelo Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) em apoio ao governo. João Goulart, em busca de segurança, viajou no dia 1o de abril do Rio, para Brasília, e em seguida para Porto Alegre, onde Leonel Brizola tentava organizar a resistência com apoio de oficiais legalistas, a exemplo do que ocorrera em 1961. Apesar da insistência de Brizola, Jango desistiu de um confronto militar com os golpistas e seguiu para o exílio no Uruguai, de onde só retornaria ao Brasil para ser sepultado, em 1976.

Maíra Rabassa
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