sábado, 12 de maio de 2007

O CREPÚSCULO DA DEUSA


Lembro-me de quando vi Corpos Ardentes pela primeira vez.
Kathleen Turner era a deliciosa Matty Walker, a femme fatale que ferrava com a vida de William Hurt, e com razão, pois a cara de idiota de Hurt pedia por isso.

Kathleen era a personificação do desejo, do tesão e do perigo. E assim o fez em muitos outros filmes. Na década de 80, esteve memorável ao lado de Michael Douglas em três filmes: os campeões da Sessão da Tarde: Tudo Por Uma Esmeralda e A Jóia do Nilo e o impagável A Guerra dos Roses, que eu considero um dos grandes filmes de todos os tempos. Ela e Michael em cena trocando farpas e quebrando a casa toda por causa de um divórcio, deixaram cenas e diálogos inesquecíveis em meu incosciente.

Quase que me esqueço dela em A Honra do Poderoso Prizzi. Haha!
Jack Nicholson nunca suou tanto a camiseta para escapar dela e de Anjelica Huston nessa impagável sátira a máfia americana. Kathleen estava lá, sexy e selvagem, seduzindo Jack a qualquer custo e pronta para meter uma bala na cabeça dele, assim que ele piscasse. E claro! Uma Cilada Para Roger Rabbit, lembram desse? Aquele do coelho e tal...
Pois é, Kathleen fazia a voz de Jessica Rabbit, casamento perfeito da voz roufenha e sedutora da atriz com as curvas venenosas da esposa do coelho pateta.

Porém, a carreira dessa inesquecível blonde fattale, começou a declinar em 1992, quando Kathleen descobriu que estava com artrite reumatóide. Seus papéis foram ficando escassos, pois seu corpo não era mais o mesmo. Relegaram a ela papéis de matrona, de tias, de advogadas e na maioria deles em filmes obscuros e sem grande importância. Isso me lembra uma fala de Goldie Hawn em O Clube das Desquitadas, onde ela desesperada com sua velhice dizia para Rob Reiner que em Hollywood só existiam três idades para as mulheres trabalharem: “Gatinha de Ficção Científica, Promotora e Conduzindo Miss Daisy”. E Hollywood é assim mesmo, implacável com seus velhos e doentes, a cidade das estrelas sabe muito bem como banir aqueles que já não estão mais bonitinhos.

Mas Kathleen não se deixou vencer tão fácil não.

Afastada das telas, a atriz luta contra a doença de forma fantástica.

Li entrevistas suas recentemente, onde ela conta que acorda com impulsos suicidas de vez em quando, tamanha a dor das inflamações, e nesses dias procura pensar o quão maravilhosa a vida é e de tudo de bom o que já lhe aconteceu e segue em frente, com dor ou não.

Nesse meio tempo, Kathleen dedicou-se ao teatro e com fervor, ela arrasou corações como a quarentona Sra. Robinson (da música de Simon e Garfunkel, e que Anne Bancroft interpretou no filme de Mike Nichols) montagem teatral de
A Primeira Noite de Um Homem. Vencedora de dois prêmios Tony, a honraria máxima do teatro americano, um por Gata Em Teto De Zinco Quente e outro por Quem Tem Medo De Virginia Woolf? (papel esse disputado com Jéssica Lange, Frances McDormand e Bette Midler), a atriz se diverte com uma nova fase de sua carreira, inclusive lecionando aulas de teatro na Universidade de Nova York.

E quanto a sua aparência, que de deusa passou a uma distinta senhora?

Kathleen declarou em entrevista a Reuters, assim que começou a atuar em A Primeira Noite de Um Homem: “Lá estava eu, aos 48 anos de idade, ficando nua sobre o palco. Pensei: "Ao inferno com vocês todos! Estão me dizendo que só porque tenho 48 anos eu já deixei de ter 'sex appeal'? Não creio!"

É isso aí!
Viva Kathleen Turner!



Vinicius Valcanaia
Acadêmico de Psicologia, pseudo-crítico de cinema,
catedrático das catedrais, nostálgico de plantão,
arroz de festa dos bares e claro,
observador perspicaz do comportamento humano!
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2 comentários:

Juliana Dacoregio disse...

Viva!!!
E um VIVA! a todos que lutam por seu espaço sem se curvar aos padrões de beleza estipulados pela mídia...

Anônimo disse...

parabéns a estas pessoas criativas, que estão fazendo um grande diferencial a nossa cidade, pessoas autenticas e com responsabilidades, tres feras que sabem o que este povo criciumense gosta de ver e ouvir...........
abraço bem grande do amigpo PAULO BENS.