domingo, 13 de maio de 2007

O ANIVERSÁRIO - Mais uma das mil faces da maldade de Bette Davis


Na época de lançamento, o cartaz deste filme trazia a seguinte frase:
“Não existe nome para esse tipo de maldade! ”
Claro que existe, um nome só capaz de encarnar com perfeição a maldade no cinema: Bette Davis.

Bette Davis... Ah, Bette Davis.
Ninguém consegue ser tão boa quanto Bette Davis quando ela é má.

Os melhores papéis da grande diva vieram na sua velhice. Foi nessa época que Bette ficou popularizada por viver nas telas mulher psicótica e perigosa, sempre com o olhar furioso e fumando mil cigarros por segundo. A época de ouro iniciou com a inesquecível Baby Jane Hudson em “O Que Terá Acontecido a Baby Jane” de 1962 e seguiu com uma galeria de tipos vilanescos, como este aqui de 1968, a Sra. Taggart. O roteiro de Jimmy Sangster é adaptado de uma peça de Bill MacIlwraith. Sangster é o responsável por muitas doideras na Hammer e protetor maior de Ralph Bates. Deveriam te-lo colocado nesse filme para fazer caretas como naquele Frankenstein com o David Prowse. Ele e Bette teriam resultado uma dobradinha perfeita. “O Aniversário” é a segunda colaboração da parceria de Bette com a Hammer Films, o popular estúdio inglês que fazia os filmes do Drácula com o Christopher Lee. Antes desse, Bette estrelou em 1965, “Nas Garras do Ódio” no qual ela é a suspeitíssima governanta de uma família desestruturada.

A Sra. Taggart. É uma típica dama da alta sociedade inglesa, sofisticada e sensível como um gorila. Seu maior prazer é reunir os três filhos todos os anos na comemoração de suas bodas de casamento, mesmo depois que o Sr. Taggart tenha esticado as canelas.

Não é bem assim, deixe-me fazer uma correção.
O maior prazer da Sra. Taggart é ter os filhos ao seu redor na comemoração de suas bodas para que ela possa espezinha-los de todas as formas. Ela usa o aniversário como desculpa para envolver a família no seu espiral de ofensas e isso é o que a deixa mais feliz. Critícas, chantagem emocional, ofensas veladas e outras pirações fazem parte do repertório dessa sinistra matriarca.

Também não tão sinistra assim, pois ela comete os seus atos tresloucados entre brindes de champagne e muitas risadas. Os filhos a detestam, mas não podem escapar. Três homens feitos, o mais velho com sérios problemas de identidade sexual adora colecionar lingeries, roubar calcinhas de varais e usar meia-calça, o do meio já ensaiando para virar alcoólatra é casado com uma mulher tão venenosa quanto a sogra e o mais novo tem cara de duende, mas é um garanhão incorrigível. E assim essa família muito peculiar segue noite adentro, aos socos e pontapés, risos e lágrimas em mais um aniversário. Pra mim que sou fã rasgado de Bette Davis, é suspeito dizer que a melhor atuação do filme é a dela. Mas é mesmo! O elenco de apoio é sofrível! Uma cambada de ingleses um mais feio que o outro, onde salva-se apenas a histriônica Sheila Hancock como Karen, a nora perigosa de Bette, que é a constante ameaça na família e tem peito para bater de frente com a diabólica sogra.

Bette está a todo vapor em cena num papel marcante em seus melhores dias de fama tardia. Ela é intragável e impagável. A cada cena podemos sentir o quanto ela se diverte em sua vilania. O toque final fica em vê-la ostentando um indecente tapa-olho numa caracterização perversamente cômica que fez questão de combinar o tapa-olho com o vestido.

Só pagando pra ver, e muito bem pago!

Vinicius Valcanaia
Acadêmico de Psicologia, pseudo-crítico de cinema,
catedrático das catedrais, nostálgico de plantão,
arroz de festa dos bares e claro,
observador perspicaz do comportamento humano!
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