domingo, 22 de abril de 2007

NORBIT


NORBIT
(Ou uma perigosa forma de exaltar o preconceito)


Eddie Murphy é um senhor comediante. Não tive o prazer ainda de ver sua performance dramática que arrancou elogios em “Dreamgirls”, mas ele ainda conserva a arte de fazer rir. NORBIT, seu último filme é um delirante exemplo de suas mil faces da palhaçada histriônica. Eddie Murphy me traz uma pequena lembrança do saudoso Sir Alec Guiness em “As Oito Vítimas”. Assim como Guiness desempenhou oito personagens na ácida comédia inglesa de 1949, Murphy tem revezado as caras e os tiques raciais desde “Um Príncipe em Nova York” onde interpretou um velho senhor judeu branco e chegou ao extremo em “O Professo Aloprado”, interpretando uma desbocada família de obesos.

Em NORBIT novamente ele apela para o humor fisiológico, escatológico, frugal e preconceituoso, diverte bastante, mas preocupa. Fui fazer essa reflexão social após assistir o filme: temos Murphy na pele de Norbit, um homem negro criado por um casal japonês (o Sr. Wong é interpretado por Murphy). Porém quando o personagem atinge a vida adulta, ele é o que a sociedade rotula de um “zero á esquerda”, submisso à esposa e facilmente manipulável.

A esposa é um caso a parte: sobre uma pesada maquiagem, Murphy dá vida a barraqueira e vulgar Rasputia, a esposa obesa, infiel e psicopata do sofredor Norbit. O personagem de Rasputia traz a tona questões difíceis de serem aceitas por pessoas obesas e que eu duvido que não exista uma só pessoa acima do peso que assista ao filme e fique no mínimo ofendida. E não para por aí, temos um italiano que fala com um complicado sotaque, dois negros que administram um restaurante como se fosse um bordel e uma enxurrada de piadas raciais e delicadas voltadas contra as minorias sociais. Lá pelas tantas o caricatural chinês Sr. Wong dispara a seguinte fala: “Wong não gosta de negros, Wong não gosta de judeus. Mas judeus e negros gostam de comida chinesa... Vai se entender!”.

Para quem consegue rir da desgraça alheia, não deixa de ser um excelente programa. Só fico pensando nos malucos como esse último que virou notícia ao matar 32 pessoas numa universidade e se disse inspirado pelo pesadíssimo filme coreano “Oldboy”. Será que uma comédia como “Norbit” não estaria insuflando cada vez mais o racismo e a distribuição de rótulos em cima das minorias do mundo? É pra pensar...

Vinicius Valcanaia
Crítico de Cinema
Acadêmico de Psicologia
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Um comentário:

Unknown disse...

HUM!!!! estou tendo a honra de ser a primeira a conmentar, to ate emocionada...
Achei o blog muito fofo!!

bjuus