Como combinamos com vocês amigos internautas, hoje é domingo, e com isso mais um artigo especial de um amigo que gosta de falar sobre as coisas do mundo. Desta vez quem nos reme um texto é o colunista da Rádio Criciúma, André de Abreu, direto de Boston (EUA), confira: A vida dos brasileiros nos Estados Unidos ainda hoje em dia é uma grande aventura especialmente para quem chega aqui sem nenhuma base de inglês. Relato abaixo dois casos de problemas de comunicação, e dois casos que refletem bem o dia a dia de surpresas dos imigrantes na região de Boston. Com um detalhe: não inventei uma linha em cada história.
Cena 1
O brasileiro sem carteira de motorista dirigia seu carro nos primeiros dias de Estados Unidos quando se envolveu num acidente. A polícia como sempre chegou imediatamente. Verificou a situação do motorista brasileiro e o deteu. A motorista do carro batido por ele foi à delegacia e pagou os 40 dólares de fiança, pois o motorista brasileiro não tinha essa quantia no bolso.
Liberado, Anildo, como será conhecido nessa história, não tinha para onde ir. A vítima do acidente o levou para casa. Ele não falava uma palavra de inglês. Mesmo assim tomou um banho e foi convidado para ali dormir.
Anildo e Liz, como é conhecida aqui no texto, se tornaram amigos, ela se apaixonou por ele, mas Anildo não quis assumir compromisso, pois ela é financeiramente super estável, digamos assim.
De vez em quando eles ainda se vêem.
Cena 2
Hélio e Marcos foram contratados por Teco para fazer um trabalho de pintura em uma casa de um norte-americano. Mas foram advertidos severamente:
- Cuidado com os gatos!
De posse da chave da casa, eles se dirigiram para a cidade de Concord, meia-hora de Boston. Abriram a porta rapidamente, pois tinham esquecido do aviso do chefe. Viram rapidamente somente as sombras dos gatos passarem pela porta entre aberta.
Hélio se virou para Marcos e disse:
- Cara, eu esqueci dos gatos. Eles vão fugir daqui, a gente tem que colocar os bichanos de volta para dentro.
Marcos e Hélio tentaram por mais de seis horas colocar os gatos para dentro da casa. Quando chegavam perto dos gatos, não conseguiam nem tocar neles. Os gatos ameaçavam pular no pescoço de Marcos. Depois de mais duas horas ludibriando os bichanos, finalmente eles entraram na casa.
Marcos e Hélio fecharam a porta e dirigiram para a casa do chefe sem pintar uma parede da casa.
Teco perguntou:
- Pintaram a casa. Tudo ok?
- Tudo certo.
Teco pagou os dois pintores sem conferir o serviço. Dias depois ele descobriria que pagara seus amigos pelo trabalho com os gatos.
Cena 3
A brasileira assistente de enfermeira do asilo se aproxima da velhinha com uma sopa de repolhos e avisa em inglês quebrado:
- Your garbage soup is here. (Sua sopa de lixo está aqui.)
A velhinha entra em apuros e diz:
- Garbage!!! I don't eat garbage!!! You mean cabbage!!!!
(Lixo! Eu não como lixo!!! Você quer dizer repolho!!!)
Cena 4
O funcionário brasileiro Rogério entra no restaurante onde trabalha e vê uma funcionária norte-americana bronzeada. Ele belisca o braço dela e pergunta:
- You beach? (Você praia?)
Como a pronúncia dele não estava certa, ela ouviu assim:
- You bitch? (Você puta?)
Na realidade "bitch" por aqui é usado para mulheres exigentes demais, e tem mais uma conotação de uma pessoa insuportável do que um significado sexual.
A norte-americana virou e disse:
- Não, eu não sou a bitch daqui.
O mal entendido foi explicado por um outro funcionário brasileiro.
Todos os dias nos Estados Unidos, certamente acontecem histórias e mais histórias como essas. São pequenas amostras de como a vida pode ser divertida mesmo nos momentos de trabalho cansativo da comunidade de imigrantes.
Em meu blog, www.andreabreu.wordpress.com, tento trazer informações, notícias e fatos que possam facilitar a vida dos brasileiros na Terra do Tio Sam, pois como diz a sabedoria de Forrest Gump e sua mãe: A vida é como uma caixa de chocolates, você nunca sabe o que vai ganhar.
André Abreu
Direto de Boston, 2 de Setembro de 2007
Especial para o Blog das Bellas e a Fera
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